quarta-feira, 3 de agosto de 2011

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Uma vez me disseram que a gente não conhece algumas pessoas até que essas pessoas se mostrem de verdade pra gente. “Se mostrem” no sentido de colocar as garrinhas de fora mesmo.

Acho que concordo. Podemos conviver anos com uma pessoa sem sequer imaginar do que ela é capaz, até que, num belo dia, dia este que provavelmente não será mais belo daí pra frente, a pessoa vem e te fala: “olha, eu não sou assim, sou assado”, e te mostra quem realmente é. Ou, o que é pior, simplesmente se mostra, sem que antes tenha dado qualquer sinal de que ia fazê-lo.

É um verdadeiro choque! E a gente sempre é pego de surpresa nessas horas porque como é que vamos saber que a pessoa não é do jeito que a gente imaginava e via, se ela, ao que parece, fingia ser daquele jeito?

Da outra vez que conheci alguém de verdade, foi um grande golpe (talvez o maior deles). Desta, outro grande golpe, mas o sentimento é bem diferente. Da outra surgiram explicações pra muita coisa e eu acabei enxergando muita coisa ruim... Dessa, tantas outras explicações... mas, como eu disse, o sentimento é bem diferente. Não sei se o que eu vejo é ruim... Também não faço idéia se é bom! Não sei se fui enganada e usada, como da outra vez, ou se me sinto lisonjeada...

Da outra vez, os motivos não me pareceram exatamente nobres. Premeditação, cálculo, planejamento, foco, inveja... Dessa? Não sei quais foram os motivos! De um lado a vontade de ser uma pessoa diferente por alguém que vale a pena? Construir alguma coisa com alguém legal? Amor? Pode ser... Mas de outro, pode ser a segurança que faltava numa época um tanto incerta e conturbada da vida... Algo firme em que se agarrar até que passe a tempestade... O lugar confortável pra se encostar até que algo melhor apareça... E aí, quando apareceu, não havia mais motivo para ser a pessoa diferente que foi, ou fingiu ser, por um tempo; o personagem que eu não sei se fui eu quem criou ou se surgiu naturalmente ali, por algum motivo, conforme a coisa foi fluindo...

Culpa de quem? Não sei! Minha, que queria e vi ali a possibilidade? Bem possível! Da outra parte, que viu ali a oportunidade (de tomar um rumo ou de se segurar um pouco, só até a fase ruim passar)? Bem possível!

De tudo isso, certo é que eu não reconheço mais a pessoa por quem me apaixonei a um tempo atrás. Não sei se essa pessoa existiu de fato, ainda que só por um tempo, se quis existir ou se não passou de um personagem... Pensar assim faz ficar mais fácil, afinal, sofrer por alguém que não existe é tão ridículo quanto chorar por um personagem de filme ou novela. Mas ainda assim dói! E o que me dói agora, mais do que ter que ver acabar uma coisa que eu não queria que acabasse, é não saber se essa coisa que eu vivi, que por um bom tempo, foi muito, muito boa e me fez muito bem, foi de verdade... é não saber, se foi de verdade, onde foi que se perdeu... é não entender por que, se foi verdade, acabou assim, de forma tão besta, por um motivo tão banal... tão banal que talvez nem se saiba ao certo qual... é não ter tido a chance de conhecer de verdade uma pessoa que não quis se mostrar pra mim... é achar que essa pessoa não quis foi se dar ao trabalho de se mostrar de verdade, talvez por não achar que se mostrar de verdade pra mim valesse a pena... é, se foi verdade, ver que não só não quis se mostrar como também reteve toda e qualquer informação que tinha sobre o rumo estranho que a coisa ia tomando... é... é muita coisa pra doer...

Toda alma tem que ser livre sim! Liberdade é sim uma coisa muito boa! Porém há que se saber usá-la... Foi o uso dessa suposta liberdade que me ajudou a ver o que vejo agora: o quão diferente do que eu via, essa pessoa é... Mas não consigo deixar de me preocupar com o quão mal usada essa liberdade pode ser... mais ainda com as conseqüências que isso pode trazer só para essa pessoa, com quem eu ainda teimo em me preocupar... De qualquer forma, consigo me sentir feliz em parte pelo simples fato de ela achar que está feliz... E torço de verdade para que esteja mesmo, apesar de às vezes ainda achar que felicidade mesmo pra essa pessoa é ao meu lado.

Se eu vou sobreviver? Claro que vou! Da outra vez o golpe foi muito, muito maior e eu sobrevivi... Dessa, apesar de o tamanho do golpe ser menor, o sentimento é diferente... E eu acho que nunca vou deixar de achar que o final também poderia ter sido diferente...

“Eu sei porque você fugiu, mas não consigo entender...”

“Vai, se você precisa ir... ... e quando você voltar...” “...volta não... Porque me quebraste e mil pedaços...”

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